terça-feira, 31 de agosto de 2010

Adivinhe quem é

Por Daniella Bittencourt Féder


Hoje, na faculdade, um professor levou aos alunos uma visita muito interessante. Inspirada - e o que é que não me inspira? - por uma proposta dela, rascunhei um diálogo no Word. Se alguém conseguir desvendar quem está conversando nele, vai ganhar um magnífico... posso tentar oferecer um parabéns? Eu gostaria muito que vocês tentassem. Não tenho grandes ambições quanto ao número de comentários que essa brincadeirinha pode gerar, mas se chegarem dois ou três, já fico feliz. Aí vai (e nada de dicas):


Despedida

-Já passei da hora. Cumpri minha missão por aqui.
-Por favor, não se vá. Somos tão próximas. Faz ideia de como vou sentir sua falta?
-Sob seus cuidados, durei tanto quanto pude. Estou velha, fraca. Meu corpo já não aguenta resistir à ação dos seres decompositores.
-Não diga isso. Posso te ver perfeitamente, você está ótima!
-Sabemos que não é verdade. Estamos mentindo para nós mesmas. Logo virão me buscar, e digo que já vêm tarde.
-Minha querida amiga... Compartilhamos tantas histórias nesses anos em que estivemos juntas... E quantos segredos!
-Lembra-se da Mel? Já morava aqui quando me mudei. Mas não aguentou o movimento. Logo se desgastou e foi embora. Foi e levou a Moça com ela.
-Recordo-me perfeitamente. Quão doces eram as duas... De todos que passaram por aqui – uns tão rapidamente que sequer se deixaram notar –, alguns tiveram presença marcante.
-Como você lida com isso? Você abriga a todos sob as suas asas com tanto carinho. O que sente ao ter que se desfazer de todos o tempo todo? Afinal, ninguém para por aqui... É um local de passagem. Raro alguém permanecer esquecida por tanto tempo como eu.
-Você não está esquecida. É bonita, moderna. As más línguas ainda arriscariam palavras mais ousadas. Você nunca deixou de ser olhada. Não raramente, é percebida várias vezes por hora, sempre que abrem minhas portas, deixando a luz entrar.

É proibido escrever

Por Daniella Bittencourt Féder


*Post relâmpago e de leiturinha rápida.


François Truffaut se combinou perfeitamente com Ray Bradbury ao escolher um roteiro adaptado de um livro de ficção do autor para dirigir. O resultado da união foi o genial longa-metragem Fahrenheit 451 - que leva o mesmo nome da obra de Ray. O livro teve a primeira edição publicada em 1953. O filme, foi lançado em 1966. Hoje, já é remasterizado e deve constar no acervo de qualquer "devedêlocadora" que se preze.
Numa época em que a sociedade é completamente alienada, o totalitarismo e a tecnologia reinam. Incêndios não acontecem mais, e a única função dos bombeiros é queimar todo e qualquer material escrito. Nada se escreve e nada se lê. Assim, constroem-se relações humanas vazias e pessoas supostamente livres de sofrimentos. "É verdade que no passado os bombeiros apagavam incêndios?" No decorrer da trama, farsas e paradoxos vão surgindo para provar que uma civilização não se mantém sem a escrita. Afinal, faz sentido destruir a construção da memória?

Quem ainda não tem este filme no repertório cinematográfico que coloque a pipoca Yoki no microondas, assista a ele o quanto antes possível e volte aqui para contar as impressões pessoais. O livro também vale a pena. Inclusive, quem conhece os dois, tende a preferi-lo.