terça-feira, 18 de outubro de 2011

Por que escrever corretamente

Daniella Féder




Ainda há quem diga que na internet não há regras. Refiro-me às regras gramaticais. Ao bom uso da língua portuguesa. Certo dia, fui surpreendida pelo comentário de um anônimo no meu Facebook. Ele me pedia que votasse em uma foto para ajudá-lo a vencer alguma promoção. E o fez em um péssimo português.


"...Então eu podia estar roubando, traficando, matando me prostituindo hihi mais estou aqui ti pedindo apenas um voto um "curti" curti minha foto ai e me ajudem a ganhar essa promoção o/ da essa forcinha , Ajuda eu !? :("


Educadamente, ofertei ao rapaz uma outra opção: ele poderia estar estudando a língua portuguesa, por que não? A resposta não me surpreendeu.


"num sabia que tinha regra pra escrever em rede social , e mesmo assim escrevo do jeito q eu achar melhor aqui ... até pq isso aqui não me ajuda em nada"


O rapaz tem todo o direito de escrever como bem entender, é claro - direito garantido constitucionalmente. Mas ele está correto em um outro ponto: as regras não foram feitas para escrever nas redes sociais. Elas foram feitas para escrever a língua portuguesa. Para garantir um padrão que acarrete na boa compreensão de todos.

Hoje em dia há tantas variações das palavras e construções de frases, que me arrisco a dizer que a internet gerou uma multiplicidade de idiomas. Mutações da língua portuguesa que tomaram forma com a adesão de pessoas que viram, no poder da livre-escrita, uma zona de respiro para fugir das normas.

Quem nunca se deparou com disfuncionalidades de tamanho, como: oI, CoMo VaI vOcÊ? Ou ainda, letras e sílabas trocadas por outras que possuem sonoridade semelhante: Eu txi amu, voxê ker sair cumigu hojy?

O problema é que toda essa liberdade estas zonas de respiro abriram espaço para a negação do conhecimento. "Eu não preciso conhecer a fundo a língua portuguesa, pois não sou formado em letras. Se você entende o que estou dizendo, por que tenho que aprender a escrever corretamente?"

Eu respondo: para não cometer gafes do tipo "voçê" - eu me deparei com esta grafia visitando o mural de recados de uma rede social de um amigo meu. Ele é professor de história e recebia um lindo comentário de um aluno. Bem... Não tão lindo assim.

Se você quer quebrar as regras e fazer uso de neologismos ou de uma linguagem inovadora, é recomendável que, primeiro, entenda as regras gramaticais. Picasso não ousou inventar o cubismo, uma expressão artística inovadora, moderna e, à época, extremamente revolucionária, sem antes conhecer as técnicas que o precederam, o clássico.



Redes sociais X entrevista de emprego


O rapaz que se diz que as redes sociais não o ajudam em nada deve andar bastante desinformado. Hoje em dia muitas empresas e instituições utilizam as redes quesito importante no processo de seleção de um candidato. Isso quando os Recursos Humanos não se antecipam e dão aquela "fuçadinha" nos perfis dele.

É preciso pensar duas vezes antes de entrar em grupos que tenham temáticas como "Eu odeio meu chefe". Já pensou se você perde a vaga de emprego da sua vida porque o RH tem preferência por candidatos que mantenham bons relacionamentos com os demais funcionários? Pode parecer brincadeira, mas hoje em dia isso tem acontecido bastante.



Pratique


Minha dica - se é que me cabe o posto - é simples: exercitar a língua portuguesa o máximo possível. É mais fácil do que parece. Há meio mais apropriado para isso do que a internet? Passamos boa parte do nosso tempo conversando com amigos, enviando recados ou comentando em blogs. Escrevemos nas redes sociais o tempo todo! E, se surgir aquela dúvida, é só dar um Google. É tudo tão rapidinho! E convenhamos que é muito legal saber escrever corretamente. Não é?

Fotos: Google Imagens.


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Deixe sua opinião nos comentários! Você concorda que a língua portuguesa deve ser respeitada na internet ou cada um deve escrever como bem entende?
Já foi pego de surpresa, em uma entrevista de emprego, com uma pergunta que dizia respeito às suas redes sociais?