Moro há três anos em frente ao Museu Oscar Niemeyer (MON) e sempre reclamei dele. Achava que era uma puta estrutura vazia e sem muitas atrações. Me sentia ofendida por ter que esperar três meses (ou mais!) por novas exposições.
Eu olhava para a arquitetura do museu , aquela puta obra de arte, e me lamentava por raramente ver gente de idade próxima à minha por ali. E então comecei a culpar o governo, o que sempre é o mais fácil de fazer. “Este governo não se importa com a arte, não investe no Museu”, “não há projetos para jovens aqui”, “apenas turistas visitam o museu”. Ou culpava um pouquinho a sociedade, como de praxe também: “Curitiba é uma cidade sem cultura e ninguém se importa com isso”.
Pra minha alegria e surpresa, presenciei nesta semana uma linda cena no MON: estava deitada na grama, lendo, aproveitando um raro dia de sol em Curitiba. Na minha frente havia um grupo de jovens tocando vários instrumentos musicais: violão, flauta e alguns instrumentos de percussão dos quais não sei o nome. Ao lado deles estava um rapaz praticando malabares com uma bola de acrílico, seguindo o ritmo da música. Até ai já estava perfeito, ou quase: uma hora depois, chegaram duas garotas que começaram a dançar e ensaiar alguns passos ao belo som dos jovens músicos.
Não me importei em não estar participando da cena, de ser apenas espectadora. Foi o melhor papel que pude ocupar. Deixei de lado todas aquelas minhas teorias sobre o governo e me permiti ser um pouquinho anarquista: “Quem precisa do governo? Quem? Nós ocupamos os lugares, ninguém precisa nos dizer aonde temos que ir ou não. NÓS sabemos, e fazemos arte onde queremos. Que se dane a falta de investimento”.
Sempre dizem que a juventude é o futuro do país e, pelo menos no quesito artístico, vejo que isso é possível em Curitiba.
O cenário do MON mudou muito nos últimos 3 anos, e fico feliz por ter acompanhado isso. Espero que muitos outros cenários curitibanos também mudem nos próximos 3. Espero ver cada vez mais lugares sendo tomados pela arte, pelos jovens, pelo "futuro". E sei que quem vive em Curitiba já sentiu a necessidade de ocupar novos lugares. Espero também que muitos tenham o prazer de presenciar as mesmas mudanças (ou outras ainda, quem sabe melhores!) que eu tive o prazer de admirar.