Em 13 de maio de 1888 foi assinada, pela Princesa Izabel, a Lei Áurea, que proibiu a escravatura no Brasil. Apesar da lei estar em vigor, a realidade brasileira ainda se depara com campos onde há a prática clandestina da escravidão.
No Paraná, a Comissão Pastoral da Terra registrou, em 2009, 227 trabalhadores sujeitos ao regime escravo, e 391 no ano de 2008, e garante que todos já foram libertados. Segundo ela, o que se observa da escravidão contemporânea – ou moderna – é que ela tem início com uma proposta verbal do pagamento de alguma dívida em forma de prestação de serviços. Após uma negociação ilusória (porém atraente) sobre as condições de trabalho e remuneração, que costuma envolver um adiantamento em dinheiro para a família do aliciado, ele segue viagem para o isolado local de trabalho, sem transporte e alimentação pagos. Chegando ao estabelecimento, vigora o “sistema de barracão”, no qual o peão tem o salário convertido em “vales” para pagar as refeições, ferramentas de trabalho e demais objetos a preços exorbitantes. Como a dívida inicial não cessa em aumentar, a vítima fica detida no local, com documentos apreendidos. A CPT conta que, em casos extremos, há vigias armados e pistoleiros que impedem a fuga, maus tratos, punições, ameaças, alimentação insuficiente, condições de vida fracas e carga horária pesada com afazeres excessivos. Como também não há cuidados médicos, os serviçais muitas vezes permanecem doentes e machucados – nos canaviais, não são raros os casos em que os peões acabam por amputar partes do próprio corpo, devido às precárias condições de trabalho.
Como começou
Sobre a Lei Áurea, Pereira diz que foi uma medida política que não causou grande crise econômica, pois os imigrantes já substituíam, aos poucos, a antiga mão- de- obra, e que não houve qualquer espécie de amparo ao ex-escravo para ingressar no mercado de trabalho – diferente do que acontece hoje, com o trabalho da CPT.
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