terça-feira, 4 de maio de 2010

Chorões e chorinho

Por Gislaine Cristina da Silva

Saxofonista curitibano Ari Lunardon integrou a orquestra de Roberto Carlos e recebeu elogios de Clodovil


Aos 69 anos, o músico Ari Lunardon tem muito o que contar. Curitibano, é um dos melhores saxofonistas de todo o Brasil e considerado um dos melhores intérpretes de chorinhos.
Uma de suas atuações mais marcantes foi na orquestra de Roberto Carlos, onde permaneceu por oito anos. Hoje, quando não está com seu saxofone, é possível encontrar Ari Lunardon passeando por ruas e praças públicas de Campo Largo, na Região Metropolitana, com o intuito de relembrar sua infância, as brincadeiras, as pessoas que fizeram parte de sua vida. Observador, consegue perceber todas as mudanças que ocorreram ao longo dos anos e as descreve com perfeição. Não se trata apenas de nostalgia, mas da lembrança de tempos passados.

Sua vida como músico iniciou aos nove anos de idade, quando morava com sua mãe em um colégio do Estado, no bairro Campo Comprido, em Curitiba, através do intermédio de um professor português. Ari toca saxofone alto e barítono. A relação com a “terrinha campolarguense” surgiu pelo fato de que seu pai possuía uma pedreira na cidade, na localidade hoje conhecida como Guabiroba.

Ari Lunardon conta que um dos melhores momentos ocorridos em sua vida nos últimos anos foi a sua participação especial na festa de bodas de ouro de seus primos, o casal Celma e Atílio Gionédis. “Eu estava fazendo show em Santa Catarina. Recebi o convite e em primeiro instante, não poderia participar do evento. Mas no dia da cerimônia das bodas de ouro e a poucas horas da festa, resolvi cancelar a apresentação e pegar a estrada”, conta. De acordo com o saxofonista, seus familiares que estavam presentes na cerimônia jamais o viram tocar. “Resolvi pegar o saxofone e fazer uma surpresa. Afinal, era uma ocasião especial”, ressalta.

O músico não participou da cerimônia, mas esperou por todos em um coreto, localizado em frente à Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade, na Praça Atílio de Almeida Barbosa, em Campo Largo. “Quando todos saíram, comecei a tocar e me aproximei de uma Limosine que aguardava meus primos. Todos ficaram emocionados, modéstia à parte”. Também não era para menos que os presentes ficassem emocionados, já que Ari Lunardon tocava a música Fascinação, de Elis Regina.


Paixão



A paixão pela música é visível em todas as frases e discursos de Ari Lunardon. Além de integrar a orquestra de Roberto Carlos, já atuou na orquestra Tabajara, do Maestro Severino Araújo. Também já integrou a banda de música na Escola de Oficiais Especialistas da Aeronáutica e Infantaria de Guarda (EOEIG), criada em 1957, onde serviu durante 25 anos. Participou das gravações do extinto “Clodovil em Noite de Gala”, programa apresentado pelo polêmico e irreverente Clodovil Hernandes, na Central Nacional de Televisão (CNT). “Guardo a gravação de um dos programas em que Clodovil elogia meu trabalho. Afinal, não é sempre que se recebe um elogio deste porte”, diz. As gravações do programa que reunia entrevistas, musicais e desfiles, além de debates eventuais sobre os assuntos do noticiário geral, aconteciam na Ópera de Arame, um dos principais atrativos turísticos de Curitiba. “Já toquei ao lado de muitos músicos renomados, entre os quais, Raul de Souza, que também participou da banda da Aeronáutica”, diz. Raul de Souza é considerado um dos maiores trombonistas do mundo e um ícone da música instrumental brasileira.

Lunardon lembra também dos momentos que viveu no Baile da Saudade, que abrilhantou o programa comandado por Francisco Petrônio. Premiado pelo talento com a música, Ari Lunardon fez parte de uma orquestra que acompanhava Aguinaldo Rayol; da Orquestra do Sistema Brasileiro de Televisão - SBT “Silvio Santos”; Orquestra do Maestro Roberto Gagliard, Orquestra Carinhoso; Orquestra Sinfônica do Paraná e muitas outras. Próximo a realizar um sonho, Lunardon foi convidado a participar da orquestra Tabajaras, uma das mais famosas do Brasil, criada há 63 anos pela regência do maestro Severino Araújo. Devido a problemas de saúde, não pôde estar entre os mais renomados músicos do país.

Atualmente, Ari realiza shows esporádicos em diversos Estados do país. Há cerca de dois anos, gravou junto ao pianista Waldir Teixeira um disco de chorinho em nova concepção. Como disse o jornalista Aramis Millarch em matéria no Estado do Paraná no ano de 1988, o chorinho feito pelos músicos é marcado por uma linha melódica de difícil execução, com uma harmonia mais avançada e que não fere os ouvidos mais ortodoxos.

Um comentário:

Aryanne Lunardon disse...

Que bom, ver que a musica paranaense esta sendo lembrada e valorizada na imagem deste grande musico, Ari Lunardon, do qual tenho muita honra de ser filha. Parabéns pai!