Daniella Féder
Ainda há quem diga que na internet não há regras. Refiro-me às regras gramaticais. Ao bom uso da língua portuguesa. Certo dia, fui surpreendida pelo comentário de um anônimo no meu Facebook. Ele me pedia que votasse em uma foto para ajudá-lo a vencer alguma promoção. E o fez em um péssimo português.
"...Então eu podia estar roubando, traficando, matando me prostituindo hihi mais estou aqui ti pedindo apenas um voto um "curti" curti minha foto ai e me ajudem a ganhar essa promoção o/ da essa forcinha , Ajuda eu !? :("
Educadamente, ofertei ao rapaz uma outra opção: ele poderia estar estudando a língua portuguesa, por que não? A resposta não me surpreendeu.
"num sabia que tinha regra pra escrever em rede social , e mesmo assim escrevo do jeito q eu achar melhor aqui ... até pq isso aqui não me ajuda em nada"
O rapaz tem todo o direito de escrever como bem entender, é claro - direito garantido constitucionalmente. Mas ele está correto em um outro ponto: as regras não foram feitas para escrever nas redes sociais. Elas foram feitas para escrever a língua portuguesa. Para garantir um padrão que acarrete na boa compreensão de todos.
Hoje em dia há tantas variações das palavras e construções de frases, que me arrisco a dizer que a internet gerou uma multiplicidade de idiomas. Mutações da língua portuguesa que tomaram forma com a adesão de pessoas que viram, no poder da livre-escrita, uma zona de respiro para fugir das normas.
Quem nunca se deparou com disfuncionalidades de tamanho, como: oI, CoMo VaI vOcÊ? Ou ainda, letras e sílabas trocadas por outras que possuem sonoridade semelhante: Eu txi amu, voxê ker sair cumigu hojy?
O problema é que toda essa liberdade estas zonas de respiro abriram espaço para a negação do conhecimento. "Eu não preciso conhecer a fundo a língua portuguesa, pois não sou formado em letras. Se você entende o que estou dizendo, por que tenho que aprender a escrever corretamente?"
Eu respondo: para não cometer gafes do tipo "voçê" - eu me deparei com esta grafia visitando o mural de recados de uma rede social de um amigo meu. Ele é professor de história e recebia um lindo comentário de um aluno. Bem... Não tão lindo assim.
Se você quer quebrar as regras e fazer uso de neologismos ou de uma linguagem inovadora, é recomendável que, primeiro, entenda as regras gramaticais. Picasso não ousou inventar o cubismo, uma expressão artística inovadora, moderna e, à época, extremamente revolucionária, sem antes conhecer as técnicas que o precederam, o clássico.
Redes sociais X entrevista de emprego
O rapaz que se diz que as redes sociais não o ajudam em nada deve andar bastante desinformado. Hoje em dia muitas empresas e instituições utilizam as redes quesito importante no processo de seleção de um candidato. Isso quando os Recursos Humanos não se antecipam e dão aquela "fuçadinha" nos perfis dele.
É preciso pensar duas vezes antes de entrar em grupos que tenham temáticas como "Eu odeio meu chefe". Já pensou se você perde a vaga de emprego da sua vida porque o RH tem preferência por candidatos que mantenham bons relacionamentos com os demais funcionários? Pode parecer brincadeira, mas hoje em dia isso tem acontecido bastante.
Pratique
Minha dica - se é que me cabe o posto - é simples: exercitar a língua portuguesa o máximo possível. É mais fácil do que parece. Há meio mais apropriado para isso do que a internet? Passamos boa parte do nosso tempo conversando com amigos, enviando recados ou comentando em blogs. Escrevemos nas redes sociais o tempo todo! E, se surgir aquela dúvida, é só dar um Google. É tudo tão rapidinho! E convenhamos que é muito legal saber escrever corretamente. Não é?
Fotos: Google Imagens.
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Deixe sua opinião nos comentários! Você concorda que a língua portuguesa deve ser respeitada na internet ou cada um deve escrever como bem entende?
Já foi pego de surpresa, em uma entrevista de emprego, com uma pergunta que dizia respeito às suas redes sociais?
4 comentários:
Então, querida, a sua intenção é boa, eu sei. Também sei que dói ler ou ouvir algumas tendências escrotas de expressão que se espalham por aí, e com certeza levanto a sua bandeira contra modismos estúpidos de comunicação (como o "miguxês" que você citou em seu post).
Mas também sei que você faz parte de uma "elite cultural", assim como eu. E sei que esse elitismo cultural é privilégio de poucos que nasceram com esse fogo no rabo de tentar saber um pouco de tudo (também conhecido como inteligência, sagacidade, enfim, escolha seu adjetivo) ou que tiveram condições financeiras e culturais mais propícias ao desenvolvimento de uma cabecinha com senso crítico suficiente para procurar adequação à estética comunicativa mais agradável aos "ouvidos treinados".
O cuidado necessário no tipo de crítica contido no seu texto, que é o principal motivo do meu comentário, é a confusão entre o que sôa certo e o que é certo, de fato. "Pobrema" sôa muito errado, mas você entende perfeitamente o objetivo da locução. E este o ponto crucial do meu argumento; a língua é um instrumento de COMUNICAÇÃO, e todos tem direito a comunicar, não importando a classe social do indivíduo que procura este fim. A luta hoje é tentar incutir nas cabeças das crianças do futuro o que temos tanta dificuldade de entender, ou seja, perceber finalmente que a língua é utilizada como instrumento de segregação social, e não como meio de comunicação.
o "preconceito linguístico" é uma das áreas de discussão mais turbulentas no meu meio acadêmico, poi o linguísta normatista (o puritano) defende a pureza de algo que não existe, assim como protege da extinção algo que nunca morrerá. Acima de todos os preconceitos, a língua é feita para ser dita, escrita, não importa como for. Auto-crítica é um valor que exige muito desenvolvimento intelectual, muita curiosidade, para funcionar. E não é isso que o país proporciona a seus filhos descamisados.
Como eu te disse no início do meu comentário, concordo com a sua indignação, mas veja bem: Bata em quem merece apanhar. Bata em quem deveria se defender, embora não faça por medo. Mas não bata em quem já está caído. Preconceito linguístico é preconceito como qualquer outro, é ferramenta de segregação social, de auto-afirmação intelectual, é divisor de águas entre os peões e os líderes, e é tudo o que nós não precisamos. De desigualdade já estamos cheios até a borda.
Beijão
Olha que legal! Só faltou você lembrar ai nesse seu comentário , que a mensagem que você recebeu , foi no Truth Box (um aplicativo do facebook) que a maioria das pessoas usa apenas pra brincar e cantar outras pessoas , ali ninguém se leva muito a serio os comentários.
E o jeito que escrevi aquela mensagem foi uma forma divertida para pedir uma ajuda , apenas descontraindo , e que deu muito certo até porque consegui o queria e não recebi nenhuma reclamação (ainda existe pessoas humoradas no mundo) que entenderam muito bem o significado da brincadeira.
Agora voltando a seu comentário concordo com tudo que você falou
que hoje em dia empregos usam as redes sociais e que praticar sempre é a melhor forma.
E uso muito isso na minha vida principalmente quando vou fazer uma redação , em uma entrevista de emprego , ou até se tiver que fazer algum comentário sobre alguma coisa muita seria na internet , e procuro sim saber antes de falar, realmente o google ajuda muito MAIS QUE NÃO FOI O CASO DO TRHTH
"Escrevemos nas redes sociais o tempo todo! E, se surgir aquela dúvida, é só dar um Google. É tudo tão rapidinho! E convenhamos que é muito legal saber escrever corretamente. Não é?"
Claro! Mais brincar , descontrair vejo que também não é problema nenhum.
Acho que esse seu post foi valido ,
mais me usar de exemplo porque fiz uma brincadeira em lugar em que nada ali se leva a serio , você foi muito infeliz e quem não entendeu direito foi você querida . Desculpa ai!
Uma Dica : acho que você não deveria usar mais esse aplicativo
até porque vejo que seu senso de humor não é nem um pouco apurado
e elogios pela sua cara não deve receber muito , então se você se acha muito intelectual , vai trabalhar ou procurar uma coisas mais útil pra fazer do que ficar perdendo seu tempo com "brincadeira"
Ah , mas o importante é mostrar sua mensagem e ser entendido. O escrever certo deixemos p/ segundo momento.
Rafael Chagas (zp)
Oiiii, obrigada pela visitinha! Adorei o blog com varios temas diferentes!
Assino em baixo no post de hj, nao sou aquelas chatas que fica corrigindo cada virgula de uma frase, mas confesso que existem textos por ai tao mal escritos que mal conseguimos entender o que a pessoa tentou dizer rs!
bjos
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