terça-feira, 5 de outubro de 2010

Não pise no meu piso!

Por Daniella Bittencourt Féder



Você sabia que jornalista ganha mal? No Paraná, o piso salarial dos jornalistas não tem reajuste real há 14 anos. E, como se não bastasse, o sindicato patronal da categoria quer beneficiá-los com extinção do adicional hora-extra, redução de 41% no piso (que cairia para R$ 1.200) para o interior do estado e o congelamento do anuênio. A desculpa é que “os negócios não andam bem”. Cabe essa justificativa a donos de empresas cujos faturamentos cresceram 33% no primeiro semestre deste ano?

O Sindicato dos Jornalistas tem uma pauta de reivindicações – que inclui vale-refeição e adicional noturno -, mas os patrões não mostram interesse por outra coisa que não seja a retirada de direitos dos próprios colaboradores. A profissão de jornalista vem sendo ridicularizada descaradamente pelos donos de veículos de comunicação.

Na quinta-feira, 29, o SindiJor convocou a classe a duas reuniões para discutir a situação. O desapontamento é unanimidade. Foi declarada assembleia permanente e levantada a possibilidade de greve, caso seja necessária uma medida extrema. Uma Comissão de Mobilização foi formada, e está trabalhando na criando ações de manifesto contra o que está acontecendo e na promoção da campanha “Não Pise no Meu Piso”.

A próxima reunião com os patrões está marcada para o dia 18, na sede da Associação das Empresas de Radiodifusão do Paraná (AERP), localizada na Rua Marechal Hermes, 1440, no bairro Ahú. Na ocasião, os jornalistas vão impor suas reivindicações, e convidam a todos para uma manifestação contra o seqüestro de direitos. Jornalistas e estudantes de jornalismo podem (devem!) comparecer.



Os fura-greves
Os jornalistas têm histórico de fura-greves. A última grande greve que aconteceu no setor foi no início dos anos 80. Porém, quando todos os jornalistas que trabalhavam em redações estavam paralisados, assessorias de imprensa enviavam material para encher as páginas dos jornais. Caso haja outra greve, não é improvável que isto aconteça. Hoje em dia, com as facilidades da internet, é muito fácil e rápido fechar jornais somente com matérias recebidas de assessorias de imprensa e agências de notícias – inclusive internacionais.



Mobilizan
“Em Curitiba, Foz e Ponta Grossa, começou na assembleia desta quinta-feira a distribuição do Mobilizan – o remédio que faltava para que os jornalistas acordem da letargia que os domina há anos e reivindiquem com ânimo seus direitos. Produzido pelos laboratórios unidos Sindijor-PR/Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná, o Mobilizan é um fármaco tarja preta sem contra-indicação, que deve ser usado em casos de tratamento desigual, ataque aos direitos estabelecidos; desvalorização da profissão aguda; defasagem salarial crônica; excesso de trabalho; e outras enfermidades sensíveis aos componentes da fórmula” do blog acordajornalista.blogspot.com.

O jornalista ou estudante de jornalismo que quiser iniciar o tratamento com o Mobilizan pode buscar o seu na sede do Sindicato dos Jornalistas, que fica no centro, na Rua José Loureiro, 211 – ao lado da agência da Caixa Econômica Federal.



Twitter
Muito provavelmente, os meios de comunicação comerciais não vão publicar conteúdo comentando sobre o desrespeito aos jornalistas. Como forma de divulgação da campanha Não Pise no Meu Piso, no Twitter foi criada a hashtag #grevedosjornalistas. O banner está disponibilizado no link twitpic.com/2u2d7o, e quem estiver disposto a aderir à empreitada pode utilizar como foto das redes sociais.

Um comentário:

darknet⊕ disse...

Dani Bitt <3